Arcebispo de Natal tem dissertação aprovada no Mestrado em Ciências da Religião da Católica
O Arcebisbo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, aluno do Mestrado em
Ciências da Religião da Universidade Católica de Pernambuco, teve sua
dissertação, “Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros: um arauto da
dignidade humana no sertão potiguar”, aprovada. A defesa ocorreu na
manhã do dia 06, no Anfiteatro do bloco G4 da Unicap.
O trabalho, orientado pelo professor Newton Cabral, trata da vida do
Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros (1916 – 2000), um pastor católico
que exerceu, simultaneamente, o ofício de sacerdote e o carisma de
profeta do povo de Deus, no sertão potiguar. A pesquisa de ordem
bibliográfica se deteve no estudo de fontes documentais, registros
biográficos e autobiográficos. Teve como objetivo mostrar o enlace da
missão espiritual e política na promoção da dignidade da pessoa humana. O
estudo oportuniza compreender como é possível dispor a vocação a
serviço dos que estão à margem da sociedade, em um contínuo exercício de
inclusão social e religiosa, sem esquecer a racionalidade eclesiástica
que combina fé e política. A luta contra a exploração que se realizava
através da indústria da seca e a persistente busca pela resolução do
problema da falta de água fez o Monsenhor Expedito ser um sinal de
esperança e anunciador de um novo tempo.
A
banca examinadora foi composta pelo orientador do trabalho, professor
Newton Cabral; pelo coordenador do Mestrado e avaliador interno,
professor Gilbraz Aragão; pelas avaliadoras externas, professoras
Sylvana Maria Brandão de Aguiar e Emanuela Ribeiro, ambas da UFPE.
Após
a aprovação, Dom Jaime Vieira Rocha falou sobre o que estava sentindo
naquele momento. “O sentimento é de vitória e gratidão para com todas as
pessoas que me incentivaram, me compreenderam nesta realidade.
Imaginem, eu, como Bispo de uma cidade como Capina Grande (PB), já na
reta final do curso, tendo sido transferido para Natal (RN), onde a
responsabilidade aumentou mais ainda. Isso aconteceu em fevereiro deste
ano. Veja como eu tive de me esforçar bastante. Sei que alguns
professores, com toda razão, temiam que eu não concluísse esse mestrado e
aqui estamos. Por isso, esse meu sentimento é de muita alegria,
gratidão e, também, tendo a certeza de que esta minha atitude tem
chamado atenção, incentivado ao clero mais jovem o gosto pelos estudos e
pela reatualização. Estou com 65 anos e acho que nós devemos estar
abertos a cada momento, não sermos petulantes, acharmos que já somos os
donos da verdade, que não temos mais nada a aprender, nem receber dos
outros e nem o que temos para partilhar. Isso foi para mim algo muito
gratificante e agradeço realmente a Deus. A convivência aqui no ambiente
universitário, na Unicap, no mundo acadêmico, foi realmente uma graça e
sei que esse meu gesto tem servido muito como algo que chama atenção.”
O
orientador da dissertação, professor Newton Cabral, falou da sensação
de dever cumprido. “O trabalho versa sobre um sacerdote que eu cheguei a
conhecer em minha infância e adolescência, lá no Rio Grande do Norte.
Era uma pessoa que merecia, de fato, ter mais um estudo, porque já
existe um outro registrado, para que não se perca a memória de uma
pessoa que foi tão interessante. Nos anos 60, por exemplo, a Editora
Vozes lançou uma coleção sobre renovação paroquial no Brasil e o
primeiro volume sobre o assunto foi exatamente sobre São Paulo do
Potengi (RN), onde o padre que foi estudado era o pároco. A sensação que
fica é de dever cumprido. Mais um mestrando que conclui bem. Eu vejo
Dom Jaime como um exemplo para muitos jovens, não só os nossos jovens
mestrandos, inclusive os jovens padres da arquidiocese de onde ele é o
Bispo, assim como, dos próprios seminaristas. Quando ele fala da
necessidade de formação permanente, ele fala com muita pertinência,
porque ele é um exemplo disso.”
Professor
Gilbraz Aragão coordenador do Mestrado fala do orgulho de ter tido Dom
Jaime como aluno do curso. “A presença de Dom Jaime com a defesa da
dissertação dele hoje enche a gente de orgulho, não só porque é um
Bispo, uma autoridade de uma religião, de uma igreja, mas também porque é
um senhor, que já maduro, voltou às bancas escolares, dando exemplo
para os seus seminaristas e cumpriu todos os requisitos exigidos de um
estudante que está fazendo pós-graduação. Isso para a gente é, de fato,
um evento extraordinário, porque a fé que é cultivada nas religiões nem
sempre se faz acompanhar de uma reflexão racional, para que ela seja
também razoável e aqui a gente tem um exemplo que serve para contagiar
os mais jovens de que, como dizia Einstein: se a religião não tiver um
pouco de ciência fica meio cega e, em contrapartida, se a ciência não
tiver um pouco de religião fica manca.
O
Pró-reitor Comunitário, Padre Lúcio Flávio Cirne, na ocasião
representando o Reitor Padre Pedro Rubens, falou da importância do
momento para a Unicap. “Dom Jaime, Arcebispo de Natal, que foi Bispo de
Campina Grande, minha cidade natal, representa uma figura da Igreja e,
para a Unicap, é expressiva essa presença. A gente está a serviço da
sociedade, mas em sintonia com a Igreja. Dom Jaime, como aluno nosso,
representa muito bem essa presença da Igreja de forma bem singular,
Bispo e, ao mesmo tempo, aluno. Particularmente, o tema que ele defende
na sua dissertação de Mestrado se refere a alguém que há anos já se
preocupava com uma questão social de tremenda importância que é a
questão das águas. Então, lá no interior do Rio Grande do Norte, um
padre, no século passado, já tinha essa dimensão social em seu
apostolado. Um tema atual, pertinente e mostra como a Igreja está atenta
a essas questões sociais.”
CNBB planeja lançamento nacional da CF em Natal
Uma equipe da Coordenação Nacional da Campanha da Fraternidade virá a
Natal, dia 19 de setembro. Na próxima quarta-feira, às 9 horas, o grupo,
tendo à frente o assessor da CF, junto à Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil - CNBB, Padre Luiz Carlos Dias, se reunirá com o
Arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha, e a coordenação arquidiocesana de
Campanhas. Esta reunião também contará com a participação do bispo
referencial de Campanhas, no Regional Nordeste 2, Dom Francisco de Assis
Dantas de Lucena.
"A finalidade da reunião é começar a planejar o lançamento da Campanha da Fraternidade 2013, em nível nacional. A CNBB pretende lançar a CF 2013, em Natal", adianta Táfnes Nóbrega, da Equipe de Campanhas, na Arquidiocese de Natal. Segundo ela, o lançamento da CF, em nível nacional, na capital potiguar, faz parte das comemorações dos 50 anos de história da Campanha. A Campanha da Fraternidade surgiu em Natal, mais precisamente na Paróquia de Nossa Senhora do Ó, de Nísia Floresta, por iniciativa do então administrador apostólico da Arquidiocese, Dom Eugênio de Araújo Sales. Em 2013, a CF terá como tema: "Fraternidade e Juventude" e como lema: "Eis-me aqui, envia-me!" (Is 6, 8). |
Discurso de Bento XVI na chegada ao Líbano - 14/09/2012
Discurso
Viagem Apostólica de Bento XVI ao Líbano
Discurso de chegada ao Líbano
Aeroporto Internacional Rafiq Hariri de Beirute
Sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Discurso de chegada ao Líbano
Aeroporto Internacional Rafiq Hariri de Beirute
Sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Senhor Presidente da República,
Senhores Presidentes do Parlamento e do Conselho de Ministros, Amadas Beatitudes, Membros do Corpo Diplomático,
Ilustres Autoridades civis e religiosas presentes,
Queridos amigos!
Tenho a alegria, Senhor Presidente, de responder ao amável convite que me fez para visitar o vosso país, e também ao convite recebido dos Patriarcas e Bispos católicos do Líbano. Este duplo convite bastaria, se fosse necessário, para manifestar a dupla finalidade da minha visita ao vosso país. Esta sublinha as excelentes relações que sempre existiram entre o Líbano e a Santa Sé, e pretende contribuir para as reforçar. Com esta visita, desejo também retribuir as que o Senhor Presidente me fez ao Vaticano em Novembro de 2008 e, mais recentemente, em Fevereiro de 2011, seguida nove meses mais tarde pela visita do Senhor Primeiro-Ministro.
Foi durante o segundo dos nossos encontros que a majestosa estátua de São Maron foi abençoada. A sua presença silenciosa numa parede lateral da Basílica de São Pedro lembra, de forma permanente, o Líbano no próprio lugar onde foi sepultado o apóstolo Pedro. Manifesta um patrimônio espiritual secular, confirmando a veneração dos libaneses pelo primeiro dos Apóstolos e seus sucessores. Precisamente para ressaltar a sua grande devoção a Simão Pedro é que os Patriarcas Maronitas acrescentam ao seu nome o de Boutros. É bom ver como do santuário petrino, São Maron intercede continuamente pelo vosso país e por todo o Médio Oriente. Desde já lhe agradeço, Senhor Presidente, por todos os esforços realizados para o bom êxito da minha estadia entre vós.
Outro motivo da minha visita é a assinatura e entrega da Exortação apostólica pós-sinodal da Assembleia Especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos, Ecclesia in Medio Oriente; trata-se dum importante evento eclesial. Agradeço a todos os Patriarcas católicos que aqui se encontram, e de modo particular ao Patriarca emérito, o amado Cardeal Nasrallah Boutros Sfeir, e ao seu sucessor, o Patriarca Bechara Boutros Raï. Saúdo fraternalmente todos os Bispos do Líbano, bem como aqueles que vieram para rezar comigo e receber das mãos do Papa este documento. Através deles, saúdo com paterno afeto todos os cristãos do Médio Oriente. Destinada ao mundo inteiro, a Exortação propõe-se ser para eles um roteiro para os anos futuros. Alegro-me também por poder encontrar, durante estes dias, numerosas representações das comunidades católicas do vosso país, por podermos celebrar e rezar juntos. A sua presença, o seu compromisso e o seu testemunho são um contributo reconhecido e muito apreciado na vida diária de todos os habitantes do vosso amado país.
Desejo saudar também, com grande deferência, os Patriarcas e Bispos ortodoxos que me vieram receber, bem como os representantes das várias comunidades religiosas do Líbano. A vossa presença, queridos amigos, demonstra a estima e colaboração que, no respeito mútuo, desejais promover entre todos. Agradeço-vos pelos vossos esforços e tenho a certeza de que continuareis a procurar caminhos de unidade e concórdia. Não esqueço os acontecimentos tristes e dolorosos que, durante longos anos, atormentaram o vosso lindo país. A convivência feliz de todos os libaneses deve demonstrar a todo o Médio Oriente e ao resto do mundo que, dentro duma nação, pode haver colaboração entre as diversas Igrejas – todas elas membros da única Igreja Católica – num espírito de comunhão fraterna com os outros cristãos e, ao mesmo tempo, a convivência e o diálogo respeitoso entre os cristãos e os seus irmãos de outras religiões. Vós sabeis, tão bem como eu, que este equilíbrio, que é apresentado em toda a parte como um exemplo, é extremamente delicado. Por vezes ameaça romper-se, quando está esticado como um arco ou sujeito a pressões que são muitas vezes de parte ou interessadas, contrárias e estranhas à harmonia e suavidade libanesas. Então é preciso dar provas de real moderação e grande sabedoria; e a razão deve prevalecer sobre a paixão unilateral para favorecer o bem comum de todos. Porventura o grande rei Salomão, que conhecia o rei Hiram de Tiro, não considerava a sabedoria como sendo a virtude suprema!? Por isso a pediu com insistência a Deus, que lhe deu um coração sábio e inteligente (cf. 1 Rs 3, 9-12).
Venho também para vos dizer como é importante a presença de Deus na vida de cada um e como a forma de viver juntos – esta convivência de que o vosso país quer dar testemunho – só será profunda se estiver fundada sobre uma visão acolhedora e uma atitude de benevolência para com o outro, se estiver enraizada em Deus que deseja que todos os homens sejam irmãos. O famoso equilíbrio libanês, que quer continuar a ser efectivo, pode-se prolongar graças à boa vontade e ao compromisso de todos os libaneses. Só então será um modelo para os habitantes de toda a região e para o mundo inteiro. Não se trata duma obra meramente humana, mas dum dom de Deus que é preciso pedir com insistência, preservar a todo custo e consolidar resolutamente.
Os laços entre o Líbano e o Sucessor de Pedro são históricos e profundos. Senhor Presidente e queridos amigos, venho ao Líbano como peregrino de paz, como amigo de Deus e como amigo dos homens. «Salami ō-tīkum – dou-vos a minha paz», diz Jesus Cristo (Jo 14, 27). E hoje, além do vosso país, dirijo-me em espírito também a todos os países do Médio Oriente como peregrino de paz, como amigo de Deus e como amigo de todos os habitantes de todos os países da região, independentemente da sua filiação e da sua crença. Também a eles Jesus Cristo diz: «Salami ō-tīkum». As vossas alegrias e as vossas tribulações estão continuamente presentes na oração do Papa, pedindo a Deus que vos acompanhe e console. Posso assegurar-vos que rezo de maneira particular por todos os que sofrem nesta região, e são tantos! A estátua de São Maron recorda-me aquilo que vós viveis e suportais.
Senhor Presidente, o seu país preparou-me uma recepção calorosa, um magnífico acolhimento – o acolhimento que se reserva a um irmão amado e respeitado. Verdadeiramente digno é o seu país do «Ahlan wa Sahlan» libanês; já o é agora e sê-lo-á ainda mais daqui para diante. Estou feliz por estar com todos vós. Que Deus vos abençoe a todos (Lè yo barèk al-Rab jami’a kôm!). Obrigado.
"Venho ao Líbano como peregrino de paz", diz Bento XVI
Rádio Vaticano
news.va
'Venho ao Líbano como peregrino de paz, como amigo de Deus e como amigo
dos homens', disse o Papa em seu discurso de chegada ao Líbano
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.: Programação da viagem de Bento XVI ao Líbano
O Pontífice também afirmou que a forma de viver em união, da qual o Líbano quer dar testemunho, será alcançada a partir de uma visão acolhedora e benevolente em relação ao outro e se estiver enraizada em Deus.
Bento XVI disse que não esquece os acontecimentos tristes e dolorosos que, por longos anos, perpassaram o Líbano, mas lembrou que a convivência feliz dos libaneses deve ser um exemplo de que pode haver colaboração entre diversas Igrejas, todas elas membros da única Igreja Católica, num espírito de comunhão fraterna.
“A convivência feliz de todos os libaneses deve demonstrar a todo o Médio Oriente e ao resto do mundo que, dentro duma nação, pode haver colaboração entre as diversas Igrejas – todas elas membros da única Igreja Católica – num espírito de comunhão fraterna com os outros cristãos e, ao mesmo tempo, a convivência e o diálogo respeitoso entre os cristãos e os seus irmãos de outras religiões”.
Porém, o Pontífice lembrou que este equilíbrio, às vezes, é ameaçado por pressões de partes contrárias e estranhas à harmonia e suavidade libanesas. Diante destas situações, Bento XVI acredita ser necessário dar provas de “real moderação e grande sabedoria”, fazendo prevalecer a razão sobre a paixão unilateral para que se alcance o bem comm de todos.
“Porventura o grande rei Salomão, que conhecia o rei Hiram de Tiro, não considerava a sabedoria como sendo a virtude suprema!? Por isso a pediu com insistência a Deus, que lhe deu um coração sábio e inteligente (cf. 1 Rs 3, 9-12)”.
O Papa também citou outro motivo de sua visita ao Líbano: a entrega da Exortação apostólica pós-sinodal da Assembleia Especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos, Ecclesia in Medio Oriente. “Destinada ao mundo inteiro, a Exortação propõe-se ser para eles um roteiro para os anos futuros”, disse. O primeiro compromisso do Papa no país será uma visita à Basílica de St. Paul, em Harissa e a Assinatura da Exortação Apostólica Pós-Sinodal, logo mais, às 12h, horário de Brasília.
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